sexta-feira, 8 de maio de 2009

Escolhendo entre a Águia e o Avestruz.


EM TERRA
A viagem à Irlanda começou a ser planejada quando desisti da viagem ao Canadá, a qual havia pensado em fazer quando desisti da viagem aos Estados Unidos, e que por sua vez foi imaginada depois de desistir de passar a vida viajando do Vinhais para a Cidade Operária, atravessando a Alemanha (bairro de São Luís).
Um ano é um tempo bem razoável para começar a planejar uma viagem longe de casa, sobretudo se o único lugar mais longe que já se tenha ido seja uma cidade de um país com alcunha de “paraíso dos sacoleiros”.  Por muitas vezes sonha-se muito e planeja-se pouco; nesse caso é melhor incluir os sonhos como parte do planejamento. Planejar para viagem nada mais é do que organizar e encaixotar a rotina, abrir espaço no armário para guardar as novas experiências e estar pronto para desencaixotar tudo quando voltar (essa é a pior parte, mas se for bem planejada evita infartos).

SEGUE UMA PEQUENA AMOSTRA DAS AÇOES A SEREM CONTEMPLADAS NO PLANEJAMENTO

1.Defina seu objetivo (ganha mais estilo se chamá-lo de escopo do projeto): passear, estudar, trabalhar, conhecer novas culturas, arranjar um parceiro, torrar uma grana... enfim, seja específico e realista. Se a grana está curta, aprender as “línguas” e explorar as culturas mineira e cearense são boas opções.

2. Decida quando viajar: pense na melhor data levando em consideração o tempo necessário para guardar grana suficiente; prefira o período da baixa estação em que todo mundo resolve viajar porque é mais barato; leve em consideração o clima da sua casa (brigas podem cancelar uma viagem) e o do lugar aonde você vai; e veja se nesse período a firma libera, a escola libera, o pai libera, a namorada libera, a mulher libera, a sogra libera...  Em alguns casos é melhor adiar um sonho do que antecipar pesadelos.

3. Faça as contas: pegue a mesada, a pensão, o “ordenado”, ou qualquer dinheiro que não seja dos outros (se precisar quebre o porquinho) e multiplique tudo (menos o porquinho) pelos meses que faltam para a viagem. Essas são as receitas. Faça o mesmo com as despesas, das quais você não tem como correr até a viagem, somando e multiplicando (veja que as operações dividir e diminuir só vão aparecer mesmo durante a viagem). Agora é simples, compare os resultados: se as receitas forem maiores que as despesas, anote a diferença e avance cinco casas. Se as despesas forem maiores, é recomendável programar um churrasco pra ver o jogo no domingo ou agendar uma nova visita ao seu terapeuta.

4. Pesquise preços: Essa fase é muito importante. É hora de ver se o que sobrou do balanço, entre as receitas e as despesas, dá para alguma coisa. Vá até as agências que vendem programas de intercâmbio e peça orçamentos dentro dos objetivos que você determinou. Aqui é o momento de decidir se a sua viagem será com emoção ou sem emoção: se você decidir por uma agência que já tenha experiência, as coisas serão bem explicadas e você provavelmente terá pouco com que se preocupar, a não ser com o preço caríssimo que terá que pagar; mas se decidir por um pacote promocional de uma agência desconhecida, ou se desejar contartar direto com as escolas no outro país, prepare-se; sua primeira viagem de intercâmbio poderá ser tão surpreendente e emocionante quanto a primeira viagem do Titanic e a última do Bateau Mouche.

5. Faça uma lista de providências: Se seu projeto sobreviveu às primeiras quatro etapas, parabéns! É hora de planejar a mudança de vida, até a viagem, para que ela (a mudança ou a viagem) aconteça de forma suave e sem dor. Crie seis listas de ações a fazer antes e durante a viagem e durma com elas no bolso (processo de internalização). Eis a minha sugestão:
a) 3 meses antes: Definir com a agência os detalhes do programa que você vai adquirir; Pagar a matrícula; dizer, para quem interessar possa, que você não estava brincando; pesquisar e comprar passagens  aéreas; checar se o passaporte está  em boas condições e com validade maior que 15 meses; providenciar a carteira de alberguista; refazer as contas do orçamento; transformar seu cartão de crédito em internacional; intensificar o estudo da língua.
b) 2 meses antes: intensificar “mais” o estudo da língua; refazer “de novo”as contas do orçamento.
c) 1 mês antes: idem item anterior; quitar o programa e o seguro viagem; passar procuração ,de preferência para sua mãe ou alguma outra pessoa e santa confiança; reproduzir todos os documentos que possa precisar e deixar cópias em sua casa, no e-mail e na sua bagagem; pesquisar, instalar e testar as melhores formas de comunicar à distância (skype, MSN, voip, torpedo, cartão da Embratel, cartão postal e pombo-correio são as mais baratas); arranjar o dinheiro para levar na viagem (pelo menos 2 mil euros, no caso da Europa); fazer lista de providências para que alguém saiba o que deve ser feito na sua ausência (se você não fazia nada mesmo, pule esta etapa); verificar o estado das malas e das roupas (não seja pão-duro e compre malas e underwears novos e duráveis); testar a internet para movimentar sua conta a distância; anotar todas as senhas que possa vir a precisar (ponha tudo em um arquivo com senha); ter em mãos o cartão do seu programa de fidelidade;  pegar todas as dicas de viagem na internet e conversar no orkut e facebook com quem já está lá ou já foi.
d) 1 semana antes: Autorizar seu cartão para uso no exterior; fazer o check-list de todos os documentos necessários; comprar souvenir para presentear, tipo camisas e postais do Brasil; organizar mala e mochila e identificá-las; comprar a pochete que esconde o dindim; providenciar adaptadores, cabos, pendrives, cartões de memória e máquina fotográfica; localizar e imprimir endereço e distância do aeroporto para o local de estadia; pesquisar na net preço médio do taxi; fazer kit com remédios de uso geral; manter a calma.
e) Dia da viagem: Manter a calma; não comer feijoada e repolho.
f) Durante a viagem: Avisar assim que chegar no destino que o avião não caiu nem sofreu um atentado; não entrar em pânico na imigração (ou pelo menos entrar em pânico na língua deles); não esquecer das contas a pagar no Brasil; refazer o orçamento; deixar que todo os nativos percebam que você achou a cidade deles linda e maravilhosa e, claro, tirar muitas fotos e postá-las no orkut (para muitos esse é o principal objetivo da viagem).

Bom, não acredito que minhas dicas possam evitar alguma desgraça ou catástrofe, mas se tiver evitado alguns percalços já é o suficiente. Consulte sempre pessoas que ja foram ou estão lá onde você planeja ir... elas devem ser uamdas suas referências mais importantes.
Aguardo comentários.

Até o próximo post: A viagem e a chegada ao Velho Continente: O outro lado do Mar.

3 comentários:

  1. Interessante... acho que o melhor é descobrir se existe um outro lado do seu próprio Mar. O que esse encantamento, surpresa, curiosidade pode fazer nessas aguás? Que o vento sopre sempre com leveza. Amamos você!
    Sucesso sempre! Grande bj!!
    NANDA

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Adorei! =)
    Acredito que o planejamento seja, sim, a parte mais importante de uma viagem. A que mais chateia e a que mais evita chateações.
    O dinheiro é importante, mas controle dele é ainda mais. Vou lembrar de comprar a pochete para guardá-lo, viu?! ;P
    Só não desejo toda sorte do mundo, pq eu tbm quero um pouquinho qnd chegar! rs

    bjO e Sucesso!
    Carol=)

    ResponderExcluir