terça-feira, 26 de maio de 2009

No caminho havia um dutyfree


Estávamos ali, no saguão do aeroporto, prontos para o embarque, eu e minha alma-de-desejos-e-saudades. Fui e voltei algumas vezes pelo mesmo corredor, sempre consultando o painel de partidas, quase que no mesmo ritmo, lento, em que as informações do vôo JJ8084 se aproximavam do topo da tela. Enquanto isso, novos vôos pipocavam de hora em hora. Vi que, próximo ao meu, havia vôos saindo para Miami, Frankfurt, Paris e um para Dubai. Este último me fez lembrar a tal novela Caminho das Índias e dos capítulos que nao mais veria. Por conseqüência, me veio à memória que o melhor time do mundo (São Paulo) estava prestes a jogar partidas decisivas pela Taça Libertadores, as quaios eu dificilmente assistiria. Eram claros sinais de que a minha rotina de vida no Brasil só tinha chegado até o aeroporto de São Luís, mas não tinha embarcado. A ficha começava a cair.

Faltando uma hora para o vôo, segui para o embarque. No caminho observei um homem que vinha em minha direção e que, pela enorme altura, se destacava dos demais. Só ao passar ao meu lado percebi que era o cantor e dublê de humorista Sidney Magal. Seguiram-lhe, meus olhos, até aonde a vista alcançou. Continuei a caminhada, em meu percurso quase solitário, seguindo calmamente para a entrada do embarque internacional, sem sequer me dar conta de que meu vôo estava próximo da chamada final.

Mas uma vez passava pelos raios-x. Perdi um bom tempo lá enquanto dois funcionários da PF insistiam em perguntar sobre alguma coisa pontiaguda em minha mochila. Tentei lembrar se havia posto alguma, faca, tesoura, flecha, espingarda... Tive que abrir a mochila e revirar tudo. Só depois de deixar para trás, na lata de lixo, um inofensivo canivete de cortar papel, pude ser liberado.

Entrando no saguão de embarque logo fui seduzido pelo primeiro duty-free que a vista alcançou. Fiquei alguns bons minutos ali, registrando os preços para ver se na volta compensaria comprar algo. Ao sair, dois homens fardados passaram por mim com fala altissonante e uníssona, como que apregoando uma sentença final: “Vôo 8084, última chamada”. Observei o painel do corredor e a mesma informação piscava alucinadamente. Fiquei sem acreditar que havia conseguido me atrasar para aquele vôo. Ainda faltavam cinqüenta minutos para o horário previsto da partida. Só para ficar mais dramática a aventura, meu portão era um dos últimos, no final de um longo saguão, que eu não conhecia. Apressei o passo. Vi outros duty-free passarem por mim, um a um. O portão não chegava. Empreendi uma leve corrida. No portão 27 já não havia mais ninguém. Mergulhei no túnel de embarque. Aquele vôo não iria sem mim. Emergi na aeronave. Naquele momento fui o último.

2 comentários:

  1. Aaiii... quase morro de angústia e leio o fim antes do tempo. Não faz assim!! :) kkkk
    Imagina... se vc não se atrasasse é que causaria surpresa aos navegantes! rsrs Estou vendo a cena: Marcio correndo; no corredor do aeroporto! É demais mesmo!
    "Atenção! Terra chamando Marcio! Câmbio!"
    Saudade! Cuide-se! Beijos.

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  2. Aaiii... quase morro de angústia e leio o fim antes do tempo. Não faz assim!! :) kkkk
    Imagina... se vc não se atrasasse é que causaria surpresa aos navegantes! rsrs Estou vendo a cena: Marcio correndo; no corredor do aeroporto! É demais mesmo!
    "Atenção! Terra chamando Marcio! Câmbio!"
    Saudade! Cuide-se! Beijos.

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